domingo, 11 de dezembro de 2011

Reticências


       E você surgiu, me pergunto de onde. Não, não sei, só sei que está aqui. Seja bem vindo, entre, faço café muito bem. Açucar ou adoçante? Ótimo, prefiro açucar também. A tv está ligada, mas quem escolhe o filme sou eu. Pode ser um de terror, você está aqui, não está? Quer pipoca? Não, quem a faz é o microondas, mas é gostosa, meu bem. Sim, pode mudar o canal. Seu time está ganhando? O que é impedimento? Eu só conheço o penalti. Ok, não me importo. Ah, com isso eu me importo. Isso, me deixe deitar no teu ombro. Adoro beijos na testa. E do seu sorriso. E dos seus olhos. Eu não sei lidar com elogios, fico corada. Não, não é legal ficar corada. Fique mais, por favor? Eu faço mais café, mais pipoca, mais amor. Boa noite meu bem, te cuida. 

“Gosto muito de você”. 14 de maio de 2004, sms recebida às 7:23am.

domingo, 6 de novembro de 2011

Just Words (X)


A sua ausência é o meu sustento,
Da minha dor, da minha loucura
Alimento-me do meu tormento
Atrofio a minha estrutura.

Nao cabe em mim,
Nem em ti, nem no mundo,
Temo o amanhã, buraco profundo
Onde o adeus tornou-o assim.

E que não seja como há de ser,
Perto do fim,
Distante de te ter.

domingo, 22 de maio de 2011

Doce em Compota


Talvez eu não seja tão boa assim. Do que adianta colher cerejas se sua fruta favorita é morango? Uma hora enjoa - acabou o aromatizante artificial no mercado. Pode ser que nem morangos prestem mais, deixe-os pra mim.
Sabe aquela cesta de pique-nique? Eu ainda a tenho. A toalha ainda está lá dentro. Acho que vou sozinha num sábado a tarde pra aquele jardim que é nosso. Era nosso. Nem sei mais. 
Mas a cerejeira não morreu ainda. O que eu faço com ela? Não tenho coragem de destruir. Continuarei podando, recolhendo as cerejas e guardando-as na cesta. Não são morangos, mas é o melhor que posso oferecer. Quem sabe um dia você descubra que as cerejas são mais gostosas, ainda mais sem o aromatizante...quem sabe.
São pequeninas e roliças, percebeu? Vermelinhas, nem tão doces, mas delicadas. Não são tão frágeis quanto parece. E não agradam a qualquer freguês. 
E se eu fizesse uma geléia com as antigas? Conservaria toda a essência que cada uma guarda em um pote de vidro. É, farei isso. E quando minha boca amargar pela vida, comerei uma colher da geléia, só pra me lembar que já foi doce um dia.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Vela


Vela.
Ver ela.
vê-la.
Tê-la.
Tantos elos, tantas ceras.
Aqueça-me com teu calor,
terei cautela para não me queimar.
Doar,
Amar,
Farei tudo com vigor.
Não deixes a chama sem ar,
eu respiro também.
Além,
Porém,
não voes tão alto,
não posso acompanhar.
A cera que escorre colou meu pés no chão.
Minha alma, meu coração,
tudo agora está preso a ti.
Deixe o ar sair, deixe a cera secar.
Chega-se ao fim, então;
Eu não vou te abandonar.

sábado, 12 de março de 2011

Just Words (IX)



Corres contra o vento,
Desaceleras o sofrimento.
Talvez amenize a dor,
Talvez alimente o rancor.
Só não digas que nada mais importa,
Ainda há esperanças na tua volta.


E de tanto amor, triste se fez.
Quieto, por sua vez,
Em suas magoas se afundou.
Naufrágio interno, 
Sem âncoras, sem mar.
'Ah, quem me deras ficar
E desfrutar do aconchego do inverno.'


Noite fez-se dia,
Nada muda, constante monotonia.
A espera criou cor,
Magenta escura, sofredor.


O conflito se inicia no final da tua derrota.
Eis que tu te entregastes, 
Tens tua alma vagando sozinha agora.
E aquele amor, digno desta passagem?
Simplesmente foi-se embora.