sábado, 28 de abril de 2012

O apaixonamento - a não receita do amor


É engraçado se apaixonar. E se torna uma característica cômica estar apaixonado. Todo mundo sabe como é se apaixonar – claro, só sabe quem se apaixonou – e todo mundo sabe como é alguém apaixonado.  
Curioso se faz pela insanidade da coisa. Que sensação é essa esquisita – e os apaixonados gostam – quando veem o seu elemento X te ligando? Não há cabimentos em normalidades alguém sorrir porque lembrou de um sorriso apaixonante. Não é coerente sentir saudade de alguém que acabou de te falar ‘tchau’. E muito menos é plausível  imaginar cenas futuras com alguém que acabou de te dar as mãos.
Todo mundo já esteve não apaixonado. E sabe muito bem como é diferente. Paixão tem roteiro pronto. Dias, meses, anos. Ou melhora ou acaba. E você volta ao seu estado normal. 
Quando se está diante de alguém apaixonado só se tem vontade de rir. Rir dos suspiros, do assunto que sempre cai no mesmo alguém, no entusiasmo por uma mensagem de bom dia – o bom dia de uma amiga não faz um sorriso mostrando nem 1/3 dos seus dentes, mas o do ser amado... Mas existe o momento noia. E é mais engraçado ainda. “Será que ele(a) pensa em mim? Será que devo ligar? Não,  mandarei apenas uma mensagem. Poxa, ainda não respondeu, vai ver não recebeu. Ai, caramba, ele(a) não respondeu, o que eu faço?” E a angústia domina.
Esse é o momento clássico em que se liga para o(a) amigo(a) mais próximo. Ele(a), por sua vez, conterá o riso da sua babaquice. Aconselhará a ficar tranquilo(a), o elemento X vai ligar. Ou não, mas então ele (a) não era o elemento X ideal pra você... E aí o X liga. E o coração acelera, as mãos transpiram, tudo volta a ser pateticamente apaixonado como antes. E você ri de novo.
Mas há um momento épico: VOCÊ se apaixona. Primeiro pensamento? FODEU. Segundo? Sério, fodeu. E aí você liga pro amigo(a) anteriormente apaixonado(a).
Há dois caminhos: ele(a) ainda estar apaixonado(a) – e tudo ser um mar de rosas – ou ele(a) não estar mais apaixonado(a), e rir de você porque você está fodido(a) – excessões são aqueles(as) que ainda assim acham lindo. Gays.
Você já esteve apaixonado(a) antes, você sabe como é o protocolo. “Deixa rolar, o que tiver que ser, será”. NÃAAAAO! Até lá você já infartou de ansiedade. Surgiu um novo mundo e você se sente uma criança perdida. Tenta tirar coisas boas das ultimas experiências e pensa em fazer tudo ao contrário do que aconteceu. Afinal, se tivesse sido bom, não teria tido fim.  Ele, apaixonado, resolve ligar. Ela, apaixonada, entra em pânico e demora pra atender. Ele, não querendo incomodar, deixa chamar 3 vezes. Ela, estérica, ainda vai estar gritando ‘ai meu Deus, ai meu Deus, ele tá me ligando!’ e não atende. E aí há todo um processo até que algum deles tenha coragem de fazer algo.
Eis que a coragem surge, conversam. Conversam muito. Hoje, e depois, e depois, e depois. A coragem surgem de novo; o primeiro encontro. Aaaah, o primeiro encontro. Pra ele, garantir o segundo encontro. Pra ela, roupa perfeita. Sapato perfeito. Maquiagem perfeita. Cabelo perfeito. Unha perfeita. E sempre tem uma meia fina para puxar fio com o salto alto.
Ocorre tudo bem, voltam ao estado de conversa intensa. E elogios, indiretas fofinhas, diretas fofinhas, tudo fofinho. E depois que os encontros semanais se tornam essenciais, a porra está ficando séria. A família já comenta, os amigos comentam, até o facebook sugere o elemento X como mais que amigos. Ele é lindo, ela é linda, tudo é lindo. E aí começa o estágio de intimidade.
Na boa? Intimidade é uma merda. Mas você não vive sem. É muito bom ser idiota sozinho em casa, mas é muito melhor descobrir que há alguém no mundo tão idiota quanto você. Troca de carinhos, charme, beijos e abraços. E mais carinho, mais charme, mais beijos e abraços.
Chega o dia aleatório mais marcante da sua vida: o pedido de namoro. Ele ficou algum tempo ensaiando como falar e não gaguejar e conseguir sorrir e conseguir olhar nos olhos. Ela simplesmente entra em estado de choque. Coisa rápida, melhor dizer sim antes que ele mude de ideia. E os status do facebook são atualizados.
Namoro é tudo de bom. Mesmo. E quando ele vem acompanhado de um sentimento de plenitude, o mundo é todo seu.
A partir daí, se apaixonar não é mais idiota. Não é mais motivo de piada, não é mais estar fodido. Você descobre que não há coisa melhor no mundo que estar apaixonado pelo(a) elemento X. Ele(a) é o elemento ideal pra você.
Não tem mais porque se preocupar com as degraças dos relacionamentos alheios, porque são alheios, não é o seu. E se ambos querem fazer dar certo, simplesmente dá certo. É um tipo de magia que não se quebra. Magia essa que te contamina. Impressionante você olhar para alguém que ama e não ver um brilho. Amor revigora, torna mais bonito. Amor é o elixir da vida.
E, apesar das paixões anteriores, nada se compara. É imensurável se sentir bem consigo e com o outro, saber que você pode fazer bem à alguém. E esse alguém ser o seu elemento X.  Não há dinheiro que pague tamanho conforto de ter um porto - realmente - seguro. De saber que você pode ter o pior dia dos dias vividos, mas haverá um sorriso e um abraço pra te fazer esquecer de tudo.
Amar é mais que tudo ser sempre mil maravilhas, mas fazer com que os pesadelos rotineiros se contaminem com a beleza da felicidade. Problemas todo mundo tem, ainda bem. Caso contrário, não seria tão compensatório transformar uma lágrima em um sorriso.
Palavras vazias voam, se desfazem. Mas basta ouvir um eu te amo ou simplesmente lê-lo em um olhar que estas se solidificam. Dizem que não se vive só de amor, mas também não se vive só.
Acredite, o amor é lindo. E mais lindo ainda é saber que é recíproco.

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